A Turbulência no Sistema de Matérias Primas e Peças Tira o Equilíbrio dos Patinadores
|Fabricantes de patins foram atingidos pelo fechamento de suas plantas de fabricação, depois por uma explosão de pedidos causada pelas mídias sociais; meses depois, as empresas e seus fornecedores ainda estão tentando superar os problemas.
A Riedell Shoes Inc não viu uma demanda tão grande por seus patins desde a época que as pessoas amarravam seus patins para as voltas, piruetas e coreografias da era do Roller Disco nos anos 70.
Por outro lado a Red Wing, fabricante de patins de gelo e patins inline também está com problemas no gerenciamento de sua cadeia de suprimentos, matérias primas e fornecedores que estão parados em uma era anterior. Com a produção ainda em fase travada pelos obstáculos gerados pela pandemia e com o aumento dos preços da matéria prima, a Riedell está trabalhando sem parar para atender pedidos antigos que foram postergados por meses.
Os problemas desta empresa no que se refere ao seus conhecidos patins Moxi estão rolando através do mundo da patinação, mostrando reclamações, raiva, ansiedade e até mesmo um grupo no Reddit chamado DudeWheresMyMoxi (cara cadê meu Moxi) dedicado à pesquisa pela marca popular de patins. Os patins Moxi são uma criação da patinadora profissional Michelle “Estro Jen” Steilen.
Patinadores no Roller Garden
“Eu vim aqui pensando em encontrar alguma esperança e está claro que não há nenhuma,” disse Daniel Molloy, outro membro de outro grupo de patinadores online de São Francisco.
Molly havia solicitado um par de patins azul piscina, em junho, que seria um presente para sua noiva, Cheyenne Dennen. Passou agosto e ele ainda não havia recebido nem sequer uma atualização de data de entrega. Os patins finalmente chegaram seis meses depois, alguns dias antes do Natal, disse o Sr. Molly.
A loucura fez dos patins a nova hit na linha de produtos de exercício e entretenimento, desde as bicicletas até os levantamentos livres, que se tornaram mais populares entre os consumidores durante os lockdowns da pandemia, deixando os fornecedores embaralhados na tentativa de atender a demanda.
As lojas de revenda de patins estão sendo abordadas por compradores de todo o planeta, tudo ao mesmo tempo.
Bad Girlfriend Roller Skates, uma loja em Morinville, Alberta, no Canadá, tem enviado encomendas para lugares que o proprietário Lesley McDonald nunca recebeu sequer um e-mail, de Israel até a Nova Zelândia. Nos EUA, a lojas mais populares como a Fritzy’s Roller Skate Shop de San Diego dizem que a sua grande aposta nos Patins Moxi está rendendo mais que o esperado. A qualquer momento que a fundadora Cristina “Fritz” Stang adiciona um novo par ao seu website, eles são vendidos em minutos, disse.
Riedell, da mesma forma que tantos outros negócios, foi atingida duramente no começo da pandemia. A empresa fechou sua planta de produção em março quando as ordens de lockdown se espalharam, e perdeu por volta de 40% de seus negócios em vendas para os ringues de patinação, disse Robert Riegelman, presidente da Riedell.
Então as mídias sociais tomaram a frente no mundo.
As timelines do Instagram e do TikTok com patinadores como a Berlinense Oumi Janta deslizando ao sol ganharam seguidores de maneira assombrosa, e os pedidos por patins começaram a brotar nas lojas e nos fabricantes. As informações, no geral, coincidem em todos os países, dos EUA até a Austrália, com crescimento nas vendas de três dígitos a cada mês, desde maio, comparados com anos anteriores.
“Nós pensamos que as coisas estavam maravilhosas quando começamos a receber todos estes pedidos,” disse o Sr. Riegelman.
Mas rapidamente as vendas superaram a capacidade de produção de patins em um determinado tempo, disse ele. No momento que os trabalhadores voltaram para a planta de produção em maio, a empresa já tinha ultrapassado sua capacidade por cerca de 50 mil unidades, de acordo com Steilen.
A pandemia trouxe o maior número de pedidos por patins que a companhia familiar de quatro gerações já teve desde os anos 80. A empresa parou de aceitar pedidos para produtos fabricados nos EUA em 23 de setembro, para tentar se estruturar e recompor estoque.
A empresa enfrenta um atraso na entrega de rodas que varia de três a cinco meses de fornecedores no Texas e na Califórnia.
A companhia também postergou o lançamento de novos produtos para facilitar os atrasos extremos nas entregas. Algumas cores tiveram que ser reservadas somente para patins que são produzidos em parceria com outras marcas.
O tempo de fabricação saiu de duas semanas para três a quatro meses, somente por conta do atraso na matéria prima, peças e acessórios essenciais.
Os atrasos nas entregas de componentes de outros países e no transporte tornaram ainda mais difícil o atendimento às demandas. Botas e componentes fabricados em Taiwan e na China, enviados para os EUA para a montagem final, agora demoram em média oito meses após o pedido até chegarem, comparados com os típicos quatro meses de antes, e algumas remessas ainda enfrentam maiores atrasos devido ao acúmulo de cargueiros nos portos e outros sistemas de frete.
Os contêineres estão lá parados no oceano esperando para serem descarregados, dizem os gerentes da cadeia de suprimentos.
No início de fevereiro, a empresa descarregou alguns contêineres lotados de partes e peças de patins que estavam parados por mais de quatro semanas, não muito longe da fábrica. Eles estavam em vagões de trem ao lado da rodovia porque os pátios estavam lotados.
No grupo da comunidade no Reddit DudeWheresMyMoxis, os patinadores no aguardo estão comparando os tempos de entrega. Um usuário criou uma planilha para pedidos para que os participantes do grupo possam entender quando o próximo lote poderá ser despachado. Armados com seus números de pedidos, os patinadores com nomes de usuários tais como “Team Strawberry” e “Team Pineapple,” para suas cores desejadas, anunciam updates ou informam se não há nenhuma notícia.
Em Knoxville, uma estudante de faculdade, Katie Upchurch fez um pedido em 12 de junho e quebrou sua perna 10 dias depois. Após ela ter passado seis meses em recuperação, os patins ainda não tinham chegado.
Os empresários afirmam que os últimos nove meses têm sido difíceis para ambos, consumidores e o time de produção da empresa.
E estes não são os únicos, as mesmas informações partem de todos os lugares do globo, com empresas em momentos difíceis. Não somente o estouro no consumo, mas principalmente os problemas com fornecedores de componentes e de matérias primas, têm perturbado o mercado e os patinadores em todo o planeta.
Alternativas estão sendo adotadas por todos, buscando fabricantes de componentes e fornecedores de matéria prima em outras fontes, fechando novos contratos e até mesmo criando alternativas internas para a produção própria de partes dos patins. A maioria está operando com carga horária de sessenta horas semanais e não tem sido o suficiente.
Alguns apostam em grandes remessas que serão entregues nas próximas semanas em razão da chegada de algumas cargas. Todos tentando renovar os estoques e tentar manter uma margem sem sucesso, sempre trabalhando contra o tempo e com atrasos em todas as entregas.
Nós da Patins.Com.Br não ficamos sem a nossa cota de problemas com fornecedores de componentes e de matérias primas daqueles que fabricamos internamente. Aos poucos nossa linha volta ao normal de produção e, felizmente, os produtos que estão em nossa loja online estão disponíveis em nosso estoque hoje. Faça uma visitinha e entre você também na nova onda da patinação que veio para ajudar a trazer um pouco mais de alegria e diversão nestes tempos de pandemia e distanciamento social.