A História e a Importância da Música Para as Eras de Ouro da Patinação e do Roller Disco
|Este foi um artigo postado por Alan Bacon do Museu Nacional de Patinação.
O artigo que segue é uma parte da tese de Mestrado de Artes de Romy Poletti intitulada Residual Culture of Roller Rinks (Cultura Residual dos Ringues de Patinação):Mídia. A Música e a Nostalgia da Patinação. Foi produzida em 2009 na universidade de McGill, em Montreal, no Canadá.
O autor tomou conhecimento do manuscrito ao ler o livro de Tom Russo Chicago Rink Rats (Os Ratos dos Ringues de Chicago): The Roller Capital in Its Heyday (A Capital do Roller em seu Apogeu). A tese está listada na biografia do livro.
Poletti citou a NMRS: “The National Roller Skating Museum Press (Gráfica do Museu Nacional de Patinação) em Lincoln, estado de Nebraska, que apresenta o mais compreensivo trabalho na história da patinação.” Poletti também citou o livro de James Turner, curador emérito do NMRS, The History Of Roller Skating (A História da Patinação); o livro de Sarah Webber, The Allure of the Ring (A Fascinação do Ringue): Roller Skating at the Arena Gardens (Patinando nos Jardins da Arena); e o de Morris Traub, Roller Skating Through the Years (A Patinação Através dos Anos): The Story of Roller Skates, Rinks and Skaters (A História dos Patins, Ringues e Patinadores). Todos estes livros podem ser comprados do NMRS.
Este artigo foca nas observações de Poletti sobre a importância da música na patinação, particularmente na Era de Ouro e na Era do Roller Disco. A tese também discutiu outros tópicos que seriam interessantes de abordar no futuro como: O papel que a patinação teve no cinema, a comparação entre os ginásios de dança e os ringues, a patinação e a nostalgia e a patinação na comunidade Afro-americana.
Qualquer um que já tenha ido até um ringue de patinação para uma apresentação pública ou um encontro artístico sabe da importância fundamental que a música tem na patinação. A primeira notícia que se tem de alguém patinando com música é de Joseph Merlin que deslizava enquanto tocava violino. Mais tarde patinadores foram incorporados em alguns balés importantes. Desde o início da prática da patinação até hoje, a música tem sido uma parte de destaque na experiência de patinar.
O termo “Era de Ouro” da patinação foi usado por Brooks, Russo, Poletti e outros escritores para descrever a explosão na patinação que ocorreu entre os anos de 1937 até 1950 (embora exista uma certa diferença de datas entre autores). Também o termo “Era do Roller Disco” é geralmente usado hoje em relação com a nova explosão da patinação entre os anos 1977 e 1981. (Aqui também existem diferenças nas datas). À primeira vista, a música destas duas eras podem parecer radicalmente diferentes. Entretanto, Poletti enfatiza que estava sempre presente.
“Durante as mais significativas eras na história da cultura da patinação no século 20 a atividade esteve intimamente ligada com a música. Em ambos os períodos da história da prática, os altos e baixos da patinação entre a cultura popular foi conectado com o uso da música,” disse Poletti. “ A popularidade da patinação durante duas eras específicas é o resultado de uma relação simbiótica entre movimentos e música nos ringues.”
Na Era de Ouro, o órgão era dominante: primeiro o órgão de tubos do teatro e mais tarde o órgão elétrico Hammond. No final dos anos vinte, os filmes falados tornaram-se comuns fazendo com que a compra dos órgãos de tubos dos teatros se tornassem uma barganha. Também tivemos muitos organistas desempregados migrando para os ringues. Estes eram grandes instrumentos que requeriam muito mais afinação, mas eles podiam replicar os sons das bandas de metais que acompanhavam os patinadores durante a primeira explosão dos patins entre os anos 1870 e 1880.
“… a mais provável razão para o retorno dos ringues à cultura popular foi que os ringues estavam sendo equipados com novos órgãos de tubos,” disse Poletti. Eles eram populares naquele tempo, e estavam em destaque durante a era do cinema mudo, e ainda mais, eram altamente respeitados, sendo usados em muitas igrejas. Com a invenção do órgão elétrico em 1935, um instrumento muito menor e mais simples começou a ganhar destaque, mas efetivamente ele tocava a mesma música.
“Os passos controlados dos órgãos de tubos produziam uma forma rítmica profunda para a patinação,” disse Poletti. “Os ringues da Era de Ouro enfatizavam o ritmo tanto quanto a música e os movimentos eram dirigidos pela voz.” Todo o tipo de música tem seus passos e ritmo, mas esta era uma relação simbiótica especial.
Na Era do Roller Disco, os DJs e os discos de vinil substituíram o organista e os diferentes tipos de órgãos. À primeira vista isto foi uma mudança bem radical. Mas como Poletti disse em relação à música em disco e a patinação. “Esta relação poderia ser atribuída às mesmas características da música tocada em órgãos naturais nos ringues: seu ritmo cíclico e a repetição eram o atrativo para o movimento dentro do ringue em si.”
Mas aqui reside também um paradoxo. “A repetição que era inerente no disco, a característica que tornou isto um sucesso na patinação, foi exatamente a mesma razão que fez esta se encontrar com reações críticas hostis,” diz Poletti. Em outras palavras, o rock and roll e batida muito mais espontânea, não somente diminuiu a popularidade das valsas tocadas pelos organistas, mas também os discos tocados pelos DJs. O som repetitivo das valsas dos organistas e os discos dos DJs que tão integralmente se fundiram com os movimentos e ritmos da patinação foram descartados pelos entusiastas do rock na roll. “O ritmo do rock and roll não coincidia com os ritmos da patinação,” adiciona Poletti.
Atualmente a maioria dos ringues usa a música como fundo, de maneira similar às trilhas sonoras que são largamente usadas no cinema, como apontou Poletti. A maioria dos atuais patinadores de hoje não estão patinando dançando com a música, embora existam algumas exceções bem importantes como o Jam, Shuffle e os patinadores de JB. Embora o uso da música pela maioria das sessões públicas de patinadores possa ser diferente na atualidade daquela da Era de Ouro e da Era do Roller Disco, ainda assim é fundamental em todos os casos.
Poletti mostrou pensamento atual nos estúdios de cinema: a importância da trilha sonora na experiência cinemática. Esta trilha sonora é apenas um pano de fundo nas cenas de ação, mas é de vital importância. Da mesma forma que as trilhas sonoras dos cinemas, a trilha sonora tocada nos ringues de patinação, em todo o mundo, é essencial para a experiência dos patinadores. O que é tocado nos equipamentos de som pode ser tão importante quanto os patins deslizando pelo piso. A tese de Poletti descreveu em linguagem acadêmica que qualquer que seja o patinador já sabe: a experiência e a prática da patinação têm sido, ao longo de todas as eras, e ainda continuam sendo muito ligadas com a música.